terça-feira, 16 de novembro de 2010

Adaptações

Adaptações de histórias para outras mídias vem ganhando cada vez mais espaço nas telas e com o público


Por Barbara Chagas e Larissa Siqueira



Com o recente sucesso do seriado “The Walking Dead”, baseado numa série de quadrinhos homônimos e criada por Robert Kirkman, ficou claro que o novo rumo do entretenimento são as adaptações. Principalmente com a repercussão das franquias de Hollywood, baseadas na literatura ou nas histórias em quadrinhos.

As adaptações dos livros parecem ter virado tendência nos últimos anos em Hollywood. Grandes sucessos literários, como O Senhor dos Anéis e Harry Potter arrebataram as bilheterias. Agora, o fenômeno dos vampiros reinventado com a saga Crepúsculo e iniciado com Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro, chegou até as telinhas, com True Blood e The Vampire Diaries. Outro segmento que parece ter virado febre são as transformações de games em filmes. Alguns, como a série Resident Evil e a saga de Lara Croft, ficaram marcados tanto na telona quantos nos vídeo games e computadores de pessoas de todas as idades.



— O público que não teve acesso a determinado produto lançado em uma mídia que não consome (por exemplo, Walking Dead em HQ) pode não só conhecer o produto em uma mídia diferente (TV) e depois ir buscar o original caso se interesse bastante pelo tema. Adoro esse tema da "cultura da convergência" e acho que é nisso que o futuro das mídias reside (seja qual for o ramo de negócios) — comentou Camila Saccomori, editora do site Donna e colunista de TV do jornal Zero Hora e do Diário Catarinense.

Mas nem só em Hollywood vivem as adaptações. Clássicos de Machado de Assis, por exemplo, já viraram filmes e até mini-séries, como em Memórias Póstumas, lançado em 2001, e Dom e Capitu, filme e mini-série, respectivamente, baseados em Dom Casmurro. Algumas histórias que começaram na TV e agradaram ao público, foram parar nas telonas, como A Grande Família e Os Normais, este com direito até a uma continuação. Lançado este ano nos cinemas, O Bem Amado foi uma peça escrita por Dias Gomes em 1962 e adaptada pelo mesmo em telenovela, em 1973, e série televisiva, entre 1980 e 1984. Para janeiro de 2011, está prevista uma nova adaptação para a TV da história do prefeito Odorico Paraguaçu. Mas será que tantas adaptações permanecem fiéis à história original?



— A maioria do público até topa uma "adaptação livremente inspirada" no produto original, não necessariamente seguindo a história tim-tim por tim-tim. Tenho o exemplo de GOSSIP GIRL como o mais notável. Todo o conteúdo do primeiro livro foi abordado no primeiro episódio da série. Isso inicialmente frustrou os fãs mais nervosos, porém já no segundo episódio a série mostrou que não seria uma cópia fiel dos livros da Cecily von Ziegesar e, então, conseguiu se firmar na grade. Muitos personagens mudaram de rumo, outros têm perfil bem diferente do original e nem por isso essa falta de fidelidade narrativa fez o show perder audiência. Hoje em dia outra série teen está com esse mesmo mote: Pretty Little Liars. Quem já leu os livros sabe de muita coisa que os fãs só da TV não sabem, mas mesmo assim todos assistem ao mesmo tempo e trocam ideias sobre a trama — exemplifica Camila.

Outro “filão” das adaptações são as HQs, ultimamente as maiores fontes para roteiros. Homem de Ferro, Sin City e o recente RED são só alguns exemplos. Na TV, Batman fez sucesso nos anos 60 e Hulk, na década de 1980. Isso sem contar as inúmeras adaptações que os super-herois da Marvel e da DC Comics possuem. Os zumbis invadiram a programação agora com The Walking Dead, que teve audiência de cerca 5.3 milhões de pessoas só na exibição do piloto nos EUA. É esperar para ver qual será a próxima surpresa que nos aguarda.
— Acho que essa convergência de mídias é sim algo extremamente benéfico para o mercado, mas o "lançamento simultâneo" depende muito do objetivo de quem está produzindo determinado produto cultural. Por exemplo: a série 24 HORAS, que terminou este ano, irá prosseguir no cinema. Não seria má ideia se os envolvidos lançassem o filme mais um novo DVD com extras simultaneamente. Ou então algum videogame com personagens já conhecidos dos fãs. Aproveitar o hype de uma mídia para bombar outra me parece tão lógico que a gente chega a questionar como que não se fazia isso antes — conclui a jornalista.
Assista abaixo um depoimento do estudante de Desenho Industrial, Rafael Pereira:

Tropeços

Algumas adaptações um tanto bizarras chegaram aos cinemas, como um longa baseado na série “Onde está Wally?”


Mas nem tudo são flores no ramos das adaptações. Algumas das histórias mais aguardadas pelo público se tornaram verdadeiros fracassos de bilheteria e causaram revolta nos fãs mais exaltados.

A razão de tudo isso pode ser uma séria crise de criatividade, que faz Hollywood adaptar qualquer coisa para tentar pegar carona em HQ’s e Games de sucesso e garantir retorno de bilheteria. O desespero dos produtores levou o público a presenciar uma lista de bizarrices adaptadas para o cinema, entre elas um filme baseado na série de livros infantis “Onde Está o Wally?” e o jogo de tabuleiro “Batalha Naval”.

Muitos games ganharam as suas versões cinematográficas, mas não foram tão bem sucedidos. É o caso de Super Mario Bros, lançado em 1993. O clássico jogo da Nintendo virou filme, mas não conseguiu conquistar o público da mesma forma. Exemplos semelhantes são Street Fighter, Mortal Kombat, Doom e DOA: Dead or Alive.

Abaixo, veja uma lista com os cinco piores tropeços adaptados de Hollywood.

A Bússola de Ouro: O filme fantasiou fatos, inventou personagens e fugiu do enredo do livro, o que deixou os fãs do autor, Philip Pullman, totalmente decepcionados com a adaptação para as telonas.



Demolidor: O Homem Sem Medo: Apesar da boa premissa e dos grandes talentos envolvidos, o filme não decolou. A atuação de Ben Affleck é fraca e por vezes prejudica o filme. Quem também não ajuda é o roteirista e diretor, Mark Steven Johnson, que não oferece cenas realmente criativas, além do efeito que mostra o funcionamento do radar do Demolidor.



Super Mario Bros, o Filme: Mesmo com a excelente recepção do público aos jogos, o que o filme Super Mario Bros conseguiu foi um prejuízo de 20 milhões de dólares. O roteiro fugiu muito do ambiente criado pelo game e tentou criar um clima futurista que acabou muito mal caracterizado.



Dragonball Evolution: O longa, lançado em 2009, teve início com a série de mangás lançados em 1986 e seguidos pelos animes, que fizeram sucesso no Japão e no mundo todo. Porém o filme não conseguiu transpor a história com o mesmo ritmo e fidelidade.



Doom: O jogo foi inovador para sua época. Um dos primeiros em primeira pessoa. Mas o que funcionou no jogo, fez um estrago e tanto no filme. Outra reclamação dos fãs do game foi o fato de ter trocado as monstruosas e assustadoras criaturas satânicas e minotauros gigantes por... mutantes, ignorando completamente o enredo do jogo.

O mundo é dos geeks

Universo antes estereotipado dos nerds, hoje agrada aos mais diferentes públicos



O que antes era um universo estigmatizado e restrito aos chamados nerds, hoje atinge pessoas das mais variadas tribos. Estamos entrando na “era dos geeks”. A cultura digital, novas tecnologias, games, quadrinhos e ficção científica fazem parte desse mundo que vem ganhando cada vez mais adeptos.

O seriado The Big Bang Theory é um exemplo disso. Com fãs no mundo todo, que não são necessariamente nerds, Big Bang mostra a rotina de quatro rapazes geeks, estereotipados ao extremo. Alguns tentam levar uma vida como todas as outras pessoas, saindo e namorando, por exemplo. Mas seus gostos excêntricos e inteligência acima da média fazem, muitas vezes, com que sejam olhados de outra forma.



— Nunca assisti Star Trek, Guerra nas Estrelas... Mas adorei The Big Bang Theory, porque não é essa coisa só de nerd. Gosto de ver os nerds, como eles interagem, a relação deles com esse universo — falou a estudante Camila Callegari.

Mas você sabe mesmo qual a diferença entre geek e nerd? O nerd é uma pessoa ligada em atividades intelectuais e que, por conta disso, tem dificuldade de se relacionar. Já o geek está antenado nas últimas novidades tecnológicas e científicas. Com o domínio dos meios digitais na cultura atual, dá pra dizer que todo mundo tem um pouquinho de geek.

Assista abaixo um trecho da série The Big Bang Theory: